Secretaria de Saúde de Salvador nega demora no atendimento a pastora que morreu em UPA; família apontou negligência
12/03/2025
(Foto: Reprodução) Imagens divulgadas pela pasta indicam que a Adinailda Santos foi atendida por médico cerca de 20 minutos após chegar à unidade de saúde. Parentes da mulher apontaram horas de espera. Corpo de pastora que morreu em UPA é levado ao IML de Salvador
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Salvador nega que a pastora Adinailda Santos, de 42 anos, tenha esperado cerca de três horas por atendimento, conforme relato de familiares. Dina, como era mais conhecida, morreu no 16º Centro de Saúde Maria Conceição Imbassahy, que fica no bairro de Pau Miúdo, na noite de terça-feira (11).
A mulher era asmática e tinha dificuldades para respirar. Um vídeo gravado pelo marido da pastora, Sidnei Monteiro, mostra os dois implorando por atendimento.
"Eu preciso de oxigênio. (...) Doutor, libera oxigênio aqui", pedia a paciente.
Pelas imagens, é possível ver que Sidnei tentou chamar uma assistente social e o médico plantonista da Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Dois policiais militares também estavam no local.
De acordo com parentes, a pastora chegou à unidade por volta de 17h30 e esperou por horas até cair e, enfim, ser atendida. Já a SMS, pasta vinculada à Prefeitura de Salvador, afirma que o atendimento total foi de uma hora e oito minutos. A secretaria instaurou um processo administrativo disciplinar (PAD) para apurar o caso.
"Diante das diferentes informações fornecidas pelos familiares e pela gestão da unidade, determinou a abertura imediata de processo administrativo cobrando apuração rigorosa do caso junto à Diretoria de Atenção Especializada da SMS", ressaltou o comunicado emitido pela pasta.
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Pastora Dina morreu após passar horas à espera de atendimento médico na UPA do Pau Miúdo, em Salvador
Arquivo pessoal
A pasta divulgou imagens de câmeras de segurança, que registraram o horário dos acontecimentos. Confira a cronologia dos fatos, conforme descrito pela SMS ⬇️
⏰ 17h23: imagens captaram o momento em que a pastora Dina chegou à UPA e foi colocada em uma cadeira de rodas por maqueiros.
⏰ 17h25: ela passou por triagem e, segundo a secretaria, recebeu uma pulseira laranja, o que indica prioridade no atendimento.
⏰ 17h29: Dina foi levada para a antessala do médico.
⏰ 17h30: o marido da pastora começou a gravar o vídeo compartilhado pela família.
⏰ 17h33: a mulher entrou na sala de estabilização.
⏰ 17h34: o médico começou o atendimento.
⏰ 17h36: uma enfermeira levou os kits de suporte para atendimento.
⏰ 18h31: foi constatado o óbito após Dina sofrer uma parada cardiorrespiratória.
A família refuta essas informações e ressalta que os horários não batem. Os parentes registraram o caso na 2ª Delegacia Territorial.
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Veja a sucessão de fatos descrita pelos familiares em entrevista ao "Bahia Meio Dia", da TV Bahia ⬇️
➡️ Por volta das 12h, Dina buscou atendimento na UPA com sintomas como falta de ar.
➡️ Inicialmente, ela foi medicada, liberada em torno das 16h e recebeu uma prescrição para a compra de medicamentos.
➡️ Às 17h, quando seguia para casa, a mulher voltou a passar mal, com muita dificuldade para respirar.
➡️ A família, então, retornou para a UPA de Pau Miúdo, onde Dina passou três horas à espera de oxigênio.
➡️ Os parentes disseram que foram comunicados sobre o óbito às 20h30.
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De acordo com o marido de Dina, ela teria recebido uma pulseira amarela — classificação que indica atendimento urgente, mas com possibilidade de espera. No entanto, a (SMS) disse que a pulseira entregue foi a laranja, que demanda atendimento ainda mais breve dada a gravidade do caso.
Ele havia se recusado a assinar o termo de consentimento para remoção do corpo e realização de necropsia por discordâncias quanto à descrição do atendimento.
"Está tudo errado no papel [sobre] o atendimento que ela teve. O atendimento que ela teve está no vídeo", destacou o homem ao falar com o telejornal.
Só na tarde desta quarta (12), os parentes assinaram o documento e o corpo da pastora foi levado para o Instituto Médico Legal (IML), para passar por necropsia. Ainda não há informações sobre o sepultamento da religiosa. Além do marido, a mulher deixa duas filhas, uma jovem de 22 anos e uma criança de 7 anos.
Em nota, a Polícia Civil informou a ocorrência de morte a esclarecer sem indício de crime foi registrada na 2ª Delegacia Territorial da Liberdade. Os laudos periciais devem apontar a causa da morte. Oitivas serão realizadas e vão auxiliar no esclarecimento do fato.
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